Um dos grandes temas da pauta política e econômica brasileira é a definição da Selic, a taxa básica de juros do país, que é referência para todas as operações de empréstimos e investimentos no Brasil. Nesse contexto, a taxa Selic e os imóveis possuem uma relação de forte proximidade.
Além de estar correlacionada com as taxas de financiamento imobiliário, a Selic mexe com uma série de variáveis da economia que podem, inclusive, trazer boas oportunidades para quem investe em imóveis.
Neste artigo, explicamos o que é a taxa Selic e como ela atua sobre o mercado imobiliário.
Navegue pelo conteúdo:
- O que é a taxa Selic?
- Como a taxa Selic e os imóveis se relacionam?
- 1. Os juros do financiamento imobiliário sobem junto com a Selic
- 2. Maior “concorrência” para quem investe pensando em alugar
- 3. Imóveis protegem investidor da inflação, a razão de ser da Selic
- 4. Juros altos estimulam a demanda pelo aluguel
- 5. Oportunidade para quem pode comprar à vista
- Selic e imóveis: o que fazer diante da variação dos juros?
O que é a taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Isso significa que é ela que define, direta ou indiretamente, a remuneração dos títulos públicos emitidos pelo Governo Federal, considerados os investimentos mais seguros do mercado.
Em outras palavras, a Selic pode ser traduzida como “o retorno que todo investidor poderia obter sem correr grandes riscos”.
Por esse motivo, ela é referência para empréstimos e investimentos de maneira geral. Assim, o valor da Selic interfere em cascata, especialmente em duas operações financeiras:
- O custo dos empréstimos e financiamentos em geral;
- A remuneração da renda fixa.
Afinal, quem empresta seu dinheiro vai exigir muito mais do tomador de empréstimo se ele puder obter bons ganhos sem correr riscos.
O objetivo mais comum desse aumento é o de controlar a inflação, restringindo a oferta de dinheiro.
Por outro lado, uma restrição exagerada tende a frear a atividade econômica e levar o país à recessão. A tarefa do Copom (órgão do Banco Central que define a Selic) é, portanto, equilibrar o estímulo à economia e o cuidado com a alta de preços.
Como a taxa Selic e os imóveis se relacionam?
Embora os juros tenham efeito sobre toda a economia, a taxa Selic e os imóveis possuem uma relação ainda mais próxima.
Além de o mercado imobiliário depender dos financiamentos, a oferta de crédito e o desempenho da economia estão diretamente ligados à renda e à capacidade de compra ou aluguel de uma casa ou apartamento.
Abaixo, listamos os principais pontos em que a Selic pode interferir no mercado de imóveis:
1. Os juros do financiamento imobiliário sobem junto com a Selic
Quando a taxa básica de juros está alta, os juros de todos os empréstimos concedidos no país tendem a subir, embora essa correlação não seja proporcionalmente perfeita.
No caso do financiamento imobiliário, há mais um fator que une as duas coisas: boa parte do crédito oferecido pelos bancos vem da poupança, cuja remuneração está diretamente atrelada à taxa Selic.
Para efeito de comparação, no início de 2021 a taxa Selic estava em 2% a.a. e, ao longo de 2023, está travada em 13,75% ao ano.
A média dos juros imobiliários, no mesmo período, passou de cerca de 7% para mais de 10%. Percebe-se, portanto, que há uma relação, mas ela não é diretamente proporcional.
Em resumo, portanto, os juros altos tendem a encarecer a compra de imóveis financiados.
2. Maior “concorrência” para quem investe pensando em alugar
Quando a taxa Selic está em alta, o investidor de imóveis que preza pela geração de renda através de aluguéis costuma ter uma grande interrogação na cabeça.
Afinal, com o governo pagando 13,75% a.a. (cerca de 1,08% a.m.) é de se pensar se compensa manter o patrimônio alocado em um imóvel ou se é melhor deixar esse dinheiro no Tesouro Direto ou na renda fixa.
Isso porque os aluguéis, em média, devolvem algo próximo de 0,5% a.m. (cerca de 6% ao ano), sem considerar os ganhos com a valorização da propriedade.
Mas pensar apenas nesse fator pode ser uma armadilha – e nós vamos explicar o porquê mais abaixo.
3. Imóveis protegem investidor da inflação, a razão de ser da Selic
Como mostramos anteriormente, o aumento da taxa Selic tem como principal objetivo conter a inflação.
Nesse contexto, os imóveis podem ser considerados um porto seguro, já que, como ativos de valor real, tendem a preservar o que os torna úteis ao longo do tempo – e são menos voláteis do que ativos financeiros.
Além disso, embora não estejam diretamente correlacionados com a inflação, os imóveis tendem, no longo prazo, a preservar valor para seu proprietário.
Desconsiderar a valorização do próprio imóvel é, portanto, negligenciar as finanças. E a soma entre valorização e aluguel, combinada com segurança, ainda é muito mais atraente para a maioria dos investidores.
Leia mais: Como valorizar um imóvel?
4. Juros altos estimulam a demanda pelo aluguel
Imagine a situação de quem estava buscando um imóvel para comprar e se deparou com juros altos. Com o financiamento mais caro, a tendência é que muitas pessoas adiem esse negócio para um momento de condições econômicas mais favoráveis. Isso poderia, por exemplo, ampliar a demanda por imóveis para aluguel.
5. Oportunidade para quem pode comprar à vista
Financiamentos mais caros tendem a restringir a demanda pelo crédito imobiliário, o que, naturalmente, dificulta a venda de muitos imóveis.
No médio e longo prazos, isso pode favorecer o investidor que tem condições de adquirir imóveis à vista, já que, em cenários menos efervescentes, é natural que o preço de venda de alguns imóveis possa diminuir.
Selic e imóveis: o que fazer diante da variação dos juros?
A queda ou a alta da taxa de juros não deve levar o investidor de imóveis a tomar decisões bruscas, especialmente aquele que já possui várias propriedades e que opta pelos imóveis por conta de sua segurança e preservação de valor.
Afinal, os juros tendem a oscilar em ciclos de poucos anos e a compra de um imóvel costuma ser uma decisão de longo prazo, que não deve ficar refém das oscilações da Selic, que é debatida a cada 45 dias.
Além disso, não vale a pena abrir mão da autonomia em gerir o próprio patrimônio.
Por outro lado, é uma perda financeira considerável ficar com o imóvel parado, sem rentabilizar.
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