Taxa referencial: guia completo com o que é, como calcular e o impacto da TR nas suas finanças

Se você é uma das pessoas que sonha em conquistar a casa própria, com certeza sabe que o financiamento imobiliário se tornou uma opção popular para tirar essa meta do papel. Porém, o que nem todo mundo entende são os aspectos que envolvem esse processo, como a influência da taxa referencial (TR), por exemplo.  que nem todo entende s

Afinal, na hora de dar entrada em um financiamento imobiliário ou algum tipo de investimento, é muito comum se deparar com esse termo que, de modo geral, é um índice de juros que pode impactar diretamente no valor a pagar ou a receber durante a venda de um imóvel – tanto para mais, quanto para menos.

Isso porque a criação da taxa referencial surgiu da ideia de nortear as demais taxas de juros no país. Entretanto, acabou sendo substituída, em grande parte dos casos, pela taxa Selic. Porém, ainda assim, ela continua tendo relevância em algumas situações, especialmente no que se refere aos juros praticados no mercado imobiliário. 

Então, se você quer saber o que é taxa referencial, o que esse índice significa e como ele pode impactar suas finanças na hora de comprar ou vender um imóvel, continue a leitura deste guia e saiba tudo sobre o tema!

Navegue pelo conteúdo

• O que é taxa referencial?
• Taxa referencial: como é definida a TR?
• Como calcular a taxa referencial?
• O que significa a taxa referencial negativa?
• Qual a importância da taxa referencial na economia?
• Qual a diferença da TR diária e da TR mensal?
• Qual é o valor da TR hoje?
• Valores da taxa referencial em 2023 e 2024
• Como a TR impacta os investimentos e financiamento imobiliário?
• TR nos investimentos
• Poupança
• FGTS
• Títulos de capitalização
• TR no financiamento imobiliário
• Como calcular a TR no financiamento?
• Simule seu financiamento com as melhores condições do mercado

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O que é taxa referencial?

Em primeiro lugar, a taxa referencial (TR) é um índice criado em 1991 como uma das medidas do Plano Collor II para garantir a desindexação e combater a hiperinflação. A ideia é que a taxa referencial funcionasse como referência para outros juros praticados no Brasil à época – semelhante ao papel da taxa Selic nos dias atuais. 

Apesar de ter perdido relevância com o tempo, essa taxa segue a evolução média das taxas de juros praticadas no mercado e ainda impacta os rendimentos e as correções monetárias. Além de, é claro, influenciar diversos processos do mercado imobiliário. 

Nesse sentido, se você quer saber o que significa taxa referencial de uma vez por todas, o mestre em Economia pela EESP/FGV, Ângelo Mendes, explica um pouco mais: “A taxa referencial servia como uma taxa básica de juros, determinada pelo Banco Central, em um dado momento. Só que a taxa Selic tomou esse posto. No entanto, alguns contratos, títulos públicos, o FGTS e a poupança ainda têm uma relação com a TR. Ou seja, alguns investimentos ainda usam a taxa de juros de referência como base”.

Assim, dentre os investimentos citados pelo especialista, podemos ressaltar:

• Rentabilidade da caderneta de poupança, de títulos públicos do Tesouro Direto, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de alguns títulos de capitalização;
• Cálculo das parcelas de financiamentos de imóveis. 

Portanto, essa taxa precisa de análise, já que pode encarecer as operações. 

Taxa referencial: como é definida a TR?

De modo geral, é o Banco Central (Bacen) quem determina a taxa referencial. A instituição faz o cálculo todos os dias para definir o índice diário. Além disso, desde fevereiro de 2018, essa análise está embasada nas taxas de juros do Tesouro Prefixado – no termo técnico, também chamado de Letra do Tesouro Nacional (LTN).

Como calcular a taxa referencial?

Desde fevereiro de 2018, o cálculo da taxa referencial é feito a partir das taxas de juros das LTNs, ou seja, o Tesouro Prefixado mencionado anteriormente. Assim, para chegar ao resultado final, deve-se seguir a seguinte fórmula:

R = (a + b) x TBF

Sendo que:

• R = redutor;
• A = valor definido na criação da TR e que nunca muda, igual a 1,005;
• B = muda de acordo com o valor da TBF, que é divulgado pelo Banco Central;
• TBF = Tarifa Básica Financeira. 

Em seguida, assim que você encontrar o valor de R, é preciso aplicar outra fórmula. Confira:

TR = 100 x {[(1 + TBF) ÷ R] – 1}

O que significa a taxa referencial negativa?

Seguiu as fórmulas listadas acima e chegou a um resultado negativo? Então, nesse caso, pode considerar a taxa referencial igual a zero. Portanto, se você encontrar alguma tabela de TR com números negativos, já sabe que o percentual é nulo.

Isso acontece porque a Taxa Referencial segue a Letra do Tesouro Nacional (LTN). Portanto, depende da Selic – a taxa básica de juros do país. Quando ela diminui, o índice tende a ficar zerado ou negativo, sendo interpretado como nulo. 

Agora, como o cálculo é um tanto quanto complexo e depende de informações diárias do Bacen, é muito mais fácil pesquisar o valor do dia que você deseja mais informações. Inclusive, é possível encontrar até mesmo o histórico da Taxa Referencial para tomar como base. 

Qual a importância da taxa referencial na economia?

Embora não seja mais tão comum, a taxa referencial ainda é um dos índices financeiros considerados na hora de calcular contratações de investimentos e linhas de crédito. Nesse sentido, costuma ser usada para a correção de valores ao longo do tempo. 

Ângelo Mendes

Mestre em Economia pela EESP/FGV

“A TR não é mais um instrumento direto de política. Em se tratando de taxa de juros, a taxa referencial não é mais tão comum. Quando alguém fala de taxa de juros no Brasil, hoje, pensa-se direto na Selic. No entanto, atualmente ainda existem alguns contratos indexados na TR”.

 

Isso significa que, por mais que tenha um papel mais secundário na economia, a taxa referencial ainda tem seu papel nas operações realizadas em todo país, como o investimento na poupança, a atualização do valor do FGTS e a contratação de financiamentos imobiliários. 

Qual a diferença da TR diária e da TR mensal?

O Banco Central calcula a TR diária todos os dias. Ela é usada nos investimentos indexados por essa taxa quando o saque é feito em menos de 30 dias. Assim, o índice também serve para estudo ou projeções econômicas. 

Entretanto, a diferença entre a TR diária e a TR mensal é que a soma da primeira dividida pela quantidade de dias do mês gera o resultado da segunda. Ou seja, para simplificar: são somadas todas as taxas referenciais diárias de um mês. Em seguida, o valor total é dividido pelo número de dias do mês de referência para que, então, seja definida a TR daquele mês. 

Em outras palavras, a TR mensal é formada pela média dos valores das TRs diárias. 

Agora, depois de determinada a TR mensal, ela é usada nas correções monetárias com a Selic e é utilizada no cálculo de alguns investimentos com 30 dias ou mais. 

Qual é o valor da TR hoje?

A TR é uma taxa variável calculada diariamente pelo Banco Central (Bacen). Nesse sentido, é possível obter informações referentes aos valores da taxa em cada dia ou mês do ano. Para saber qual é o valor da TR hoje, você deve acessar a Calculadora do Cidadão. 

Por lá, é possível visualizar os valores diários e ainda simular reajustes no seu investimento ou financiamento. 

Valores da taxa referencial em 2023 e 2024

Já é possível visualizar o valor da taxa referencial para os meses de janeiro, fevereiro e março de 2024. São eles:

• Janeiro/24: 0,09%
• Fevereiro/24: 0,08%
• Março//24: 0,04%

Entretanto, também é válido analisar o histórico da taxa referencial relativo a 2023. Nenhum mês ficou com percentual negativo ou igual a zero. Além disso, o índice mais baixo foi em dezembro, com 0,07%. Já o período com a taxa mais elevada foi agosto, com o resultado de 0,22%. Confira.

Para acessar a série histórica da TR desde 1991, clique aqui.

Como a TR impacta os investimentos e financiamento imobiliário?

Agora que você entendeu o que é taxa referencial, fica mais fácil visualizar o motivo desse índice impactar investimentos e financiamentos de imóveis, não é mesmo? Porém, a variação pode acontecer de diferentes maneiras. 

Por isso, veja a seguir como esse índice altera os valores em alguns casos.

TR nos investimentos

Vamos começar com a categoria de investimentos, onde podemos incluir a poupança, o FGTS e o título de capitalização. Ainda que os dois últimos não sejam investimentos propriamente ditos, eles ainda trazem algum tipo de rentabilidade e valem a explicação. 

• Poupança: a TR é somada ao cálculo de investimento. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade é de 0,5% + taxa referencial. Todavia, quando estiver igual ou abaixo de 8,5%, fica em 70% de Selic + TR;
• FGTS: o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço rende 3% ao ano + TR;
• Títulos de capitalização: neste caso, a rentabilidade é igual ao resultado da taxa referencial. 

Para qualquer um dos casos listados acima, o melhor cenário é quando a taxa referencial está com valores mais altos. Afinal, ela acrescenta um retorno maior à taxa de juros já aplicada.

Você também pode querer saber: Conheça os principais tipos de financiamento imobiliário e tire todas as suas dúvidas sobre cada modalidade de crédito

Poupança

O cálculo da caderneta de poupança acontece conforme a taxa Selic. Nesse sentido, se a taxa básica de juros for igual ou menos a 8,5%, o rendimento é de 70% do valor da Selic + o valor da taxa referencial. Todavia, se a Selic estiver acima deste percentual, considere 0,5% ao mês + taxa referencial para o cálculo. 

Essas fórmulas valem para depósitos feitos a partir do dia 4 de maio de 2012. Antes desta data, a regra é 0,5% ao mês + taxa referencial.

FGTS

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma conta de depósito feita para o trabalhador contratado sob regime celetista, ou seja, quem é CLT e tem a carteira assinada, para garantir a segurança durante situações adversas, como demissão, por exemplo. Toda empresa é obrigada a pagar o equivalente a 8% do salário bruto todos os meses a esse Fundo de Garantia. 

Isso vale tanto para os funcionários de carteira assinada quanto para trabalhadores rurais, temporários, avulsos e intermitentes.

Desde 2017, a rentabilidade do FGTS é definida como sendo de 3% ao ano + TR + 50% dos lucros do Fundo de Garantia apurados no ano anterior. Isso levou a um rendimento acima da inflação durante 6 anos.

Títulos de capitalização

Os títulos de capitalização costumam ser oferecidos por instituições financeiras e garantem a participação em sorteios. Assim, durante o período de aplicação, você pode ganhar um bom dinheiro, ainda que não exista garantia nenhuma. Por isso, não é propriamente um investimento.

Além disso, saques antecipados da quantia aplicada tendem a ser penalizados com multa. Caso você deixe o valor até o final, terá o mesmo rendimento da Taxa Referencial.

TR no financiamento imobiliário

Dando continuidade com os casos de financiamento imobiliário, fique sabendo que a taxa referencial impacta os contratos firmados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), disponibilizado pela Caixa Econômica Federal. Ou seja, esses acordos sofrem correção de acordo com juros fixos mais o valor da taxa referencial naquele período. 

Assim, no momento de solicitar o financiamento imobiliário nessa mobilidade, são considerados três fatores específicos:

• Saldo devedor/quantidade de meses;
• Juros prefixados;
• Variação da taxa referencial.

Do mesmo modo, quando a taxa referencial aumenta, o valor que falta pagar também cresce. No entanto, é importante reforçar que nem todas as modalidades seguem essa regra. Nesse sentido, alguns contratos podem ser atualizados pelo:

• Índice Nacional de Custo da Construção (INCC);
• Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA);
• Índice Geral de Preços – Mercado (IGP–M).

De toda forma, vale a pena se informar e ficar atento ao fato que, quando há correção pela TR, é melhor que a taxa fique nula. Porém, quanto mais alta estiver a Selic, mais elevada será a taxa referencial. Então considere essa regra geral.

Saiba mais: Aprenda como funciona o Financiamento Habitacional Caixa e veja como solicitar

Como calcular a TR no financiamento?

Existem duas opções para calcular a taxa referencial no seu financiamento imobiliário. A primeira é adicionar o valor mensal deste indicador às parcelas do seu compromisso financeiro. Por outro lado, você também pode somar o Custo Efetivo Total do financiamento ao valor anual da taxa. 

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