“Casa de vó” é algo que mexe com todos os sentidos que temos no corpo humano e quaisquer outros esotéricos, transcendentais, espirituais ou coisas que o valham. Visão, olfato, paladar, tato e audição se juntam às mais diversas formas de memória afetiva, num mix de sensações que nenhum outro lugar no mundo é capaz de proporcionar.
Então, que tal a gente mexer com a sua cabeça neste artigo carregado de aconchego, afeto e, por que não dizer, deliciosas antiguidades?
Navegue pelo conteúdo:
- Afinal, existe algo que defina o que é estar em uma Casa de Vó?
- Piso de caquinho: um mosaico vermelho de amor
- Relógio de pêndulo: 12 badaladas anunciam a hora do almoço
- Crochês por toda parte: basta um toque pra lembrar
- Filtro de barro: água pura como amor de vó
- Leite de Rosas: essa nem você lembrava!
- Azulejos floridos: em casa de vó, a parede já é uma decoração
- Plantas: sem elas, falta alguma coisa
- Um tour pelas casas de vó
- Como encontrar uma casa aconchegante?
Afinal, existe algo que defina o que é estar em uma Casa de Vó?
Mais do que o imóvel onde mora a avó de alguém, a “Casa de vó” é praticamente uma instituição. Um ambiente repleto de ícones que representam o Brasil tanto quanto o samba e o futebol.
“Casa de Vó” é uma construção do imaginário que, geralmente, passa por uma combinação de três fatores:
- Um imóvel antigo, geralmente casa, com tudo o que ele oferece e que denunciam as modas da época de sua construção;
- Itens de decoração e utilitários com datas de fabricação, pelo menos, anteriores ao nascimento dos netos;
- A vó, propriamente dita.
Vem com a gente relembrar itens que caracterizam esse cantinho cheio de amor que é a casa de vó e que tocam no fundo da memória afetiva. “Casa de Vó” que – mesmo que nem todas, mas pelo menos algumas – irão tocar fundo na sua memória afetiva!
Piso de caquinho: um mosaico vermelho de amor
Um verdadeiro clássico de “Casa de vó”. E casa no sentido literal da palavra, pois o piso de caquinho está na memória afetiva de muita gente, especialmente, por ser o revestimento de muitos quintais de brincadeiras de infância. E já que falamos dos cinco sentidos, quem bate o olho em um piso desse tipo, caso tenha brincado em um lugar assim no passado, imediatamente é transportado para a infância.
O que você provavelmente não sabia é que este recurso marca a década de 1940 e 1950, período em que a cidade de São Paulo tinha algumas importantes indústrias cerâmicas, entre elas a Cerâmica São Caetano, localizada na vizinha cidade de mesmo nome, na região do Grande ABC.
De acordo com estudiosos da arquitetura brasileira, conforme destaca um artigo do portal especializado Archdaily, um tipo quadrado de lajota, de 20 x 20 centímetros, fazia parte dos produtos feitos por essas fábricas. As lajotas eram tingidas nas cores vermelha, amarela e preta, sendo que a primeira a mais comum e barata.
Por conta de falhas com o maquinário e o manuseio no sistema de produção da fábrica, uma porcentagem das peças acabava trincando ou quebrando. Esses dejetos eram descartados e enterrados. E enquanto a classe média paulistana usava as lajotas perfeitas nos pisos internos e externos de suas casas, um funcionário da indústria pediu permissão para coletar os cacos e usá-los na reforma de sua casa.
Resultado: a ideia se espalhou pelos funcionários e rapidamente virou moda na sociedade como um todo, o que fez com que a fábrica adotasse o modelo de lajotas quebradas – propositalmente – como um de seus principais produtos. Na casa da sua avó tem?
Relógio de pêndulo: 12 badaladas anunciam a hora do almoço
Houve um tempo em que, pra saber as horas, as pessoas precisavam recorrer a um recurso extremamente analógico: o relógio. Algo que as novas gerações, acostumadas a olhar o tempo todo para a tela de um smartphone, não têm o costume fazer.
E em muitas Casas de Vó, por pelo menos 24 momentos ao longo do dia, saber a hora certa não necessariamente significava olhar para os ponteiros de um relógio. Bastava ouvir as badaladas de um muito bem talhado relógio de pêndulo pendurado na parede.
Pela audição, era possível saber se estava chegando a hora do almoço, do jantar, do café da manhã. E se o cheiro das delícias preparadas pela avó não era suficiente para abrir o apetite de um neto, talvez ouvir as 12 badaladas do meio-dia fosse gatilho pra criança correr para lavar as mãos e sentar na mesa para almoçar.
Crochês por toda parte: basta um toque pra lembrar
Não é verdade que toda avó sabe fazer crochê. Mas muitas delas sabem. E muitas delas que não sabem, compram de quem faz. Avó e crochê parecem até sinônimos. Casa de Vó é um lugar onde dificilmente conseguimos saber qual é a empresa fornecedora do botijão de gás ou do galão de água, já que eles sempre estão cobertos com uma capa de crochê decorada e bem feita.
O crochê também está presente em toalhas de mesa e panos de prato, toalhas de mão no banheiro e até mesmo em capas usadas para cobrir – e principalmente enfeitar – tampas de vasos sanitários. Uma decoração única e característica das avós.
Tocar em qualquer coisa feita de crochê, com certeza, acende aquela luzinha da memória de algo já tocado numa Casa de Vó.
Filtro de barro: água pura como amor de vó
Quantas vezes você já ouviu as pessoas mais velhas falarem que os mais antigos é que sabiam fazer as coisas? Pois o filtro de barro, surgido no Brasil na virada do Século XIX pro Século XX, e que dura até hoje, é um desses exemplos. Mas não é apenas isso. Além de, na época, ter significado o acesso da população a uma água de boa qualidade para beber, esse tipo de filtro, que foi aperfeiçoado ao longo dos anos, é considerado um dos melhores do mundo.
Na casa da sua avó tinha um? Ou tem até hoje? Pois se tinha, ou tem, você está acostumado com o paladar de uma água puríssima: ou seja, nenhum. Incolor, inodora e insípida, como uma boa água de beber deve ser.
Como imaginar uma Casa de Vó sem um filtro de barro, não é mesmo? De preferência coberto com uma capa de crochê.
Leite de Rosas: essa nem você lembrava!
O cheiro delicioso da comida da sua avó nunca foi somente o cheiro da comida. Os aromas daquela macarronada do almoço ou do bolo da tarde de domingo sempre foram acompanhados, mesmo que muito levemente, de um característico e muito comum cheiro das avós de antigamente: o Leite de Rosas.
Presente nos lares brasileiros desde 1929, o Leite de Rosas tem como seu princípio ativo o extrato botânico de rosas brancas, que, segundo o fabricante, garante ação adstringente para a pele. É usado como desodorante e é conhecido por ser um produto com menos química e menos agressivo a quem costuma ter alergias na pele. A cor rosinha da embalagem, embala muita nostalgia e lembranças da casa da vovó.
Azulejos floridos: em casa de vó, parede já é decoração
A herança portuguesa dos azulejos é uma característica muito forte em qualquer casa de vó. Como dissemos, um dos fatores que compõem essa “deliciosa instituição” costuma ser um imóvel antigo.
O que se vê nos materiais mais usados hoje em dia costuma ser algo mais clean – seja pelo uso de madeira, metal ou mesmo nos azulejos e porcelanatos. Sempre dando mais ênfase a cores claras e neutras.
Mas não na casa de vovó! Porque vovó gostava mesmo era de azulejos floridos nas paredes do banheiro, da cozinha. E se deixassem, colocavam pisos floridos também nesses cômodos.
Uma parede de azulejos floridos pode até ficar mais difícil de decorar do que uma parede branca, por contar com muita informação visual junta. Mas definitivamente tem a cara de uma casa de vó.
Plantas: sem elas, falta alguma coisa
Casa de vó sem planta é mais ou menos como o seu celular sem as redes sociais. Naquele belíssimo e icônico piso de caquinho, com certeza há lugar para muitos vasos com Samambaias, Espadas de São Jorge, Costelas de Adão, Comigo Ninguém Pode, entre outras plantas típicas pra casa.
Um tour pelas casas de vó
Muitos suspiros e lembranças por aí também? Faça um tour por cada cômodo que carrega características únicas de uma casa de vó:
Da fachada já dá para sentir o cheirinho de bolo no forno…
Hum… Chegar na casa da avó e ser recebido com muito amor no portãozinho baixo?
Do portão pra sala, o caminho é sempre mais florido e com muito sol!
Um sofá com crochê e mantinha é clássico.
Pra um almoço perfeito, uma coleção de louças que só as vovós são capazes de criar.
Móveis de madeira também fazem parte do combo. Acompanhados de CDs e discos para embalar a tarde, claro!
Um soninho pós almoço sob as mantas de cetim. Ah! Com cama de babados, que não falta em nenhuma casa de vó.
Foi aqui que guardaram o Leite de Rosas?
Como encontrar uma Casa de Vó?
Como dissemos, uma “Casa de Vó” depende de três fatores. Um deles é um imóvel mais antigo. E a melhor forma de você encontrar uma casa com as características que você quer é ter acesso a uma boa fonte de pesquisa.
Imobiliária digital líder do mercado imobiliário de aluguéis residenciais, o QuintoAndar oferece em sua plataforma digital mais de 60 filtros de pesquisa, para vocês traçar exatamente o perfil que quer na hora de buscar imóvel, seja para comprar ou alugar.
Além disso, nos imóveis anunciados pelo QuintoAndar você tem acesso a fotos e até mesmo vídeos feitos por fotógrafos profissionais.
Com as fotos e os filtros de busca, você consegue ver se a casa tem um piso de caquinho, pode saber se tem um bom quintal pra tomar sol – pelos filtros, você consegue definir se quer um lugar com sol da manhã ou da tarde – e mesmo escolher imóveis localizados em ruas silenciosas.
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