Instituições onde há atividades para estimular o olhar crítico e artístico da garotada
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Formada em Publicidade e Propaganda e realizando oficinas de arte há mais de uma década, Tatiana Suarez dedica olhar especial ao potencial das crianças em um mundo que, muitas vezes, restringe as possibilidades dos pequenos. A mesmice da moda infantil serviu de estímulo para ela criar uma marca de roupas para a garotada e peças de toy art. “A partir daí, vieram os convites para oficinas”, conta a arte-educadora, que desenvolve atividades artísticas voltadas para crianças em escolas, espaços culturais, lojas e eventos.
Com a iniciativa T de Tati, ela integra a Rede Educativa de Museus e Instituições Culturais de Porto Alegre (Remic-POA), que promove e divulga atividades culturais da capital gaúcha. “Muitas pessoas só levam os filhos a esses espaços quando estão viajando. Por que não fazer isso na nossa própria cidade?”, provoca Tati, que acredita nas possibilidades de conexão da arte contemporânea com o cotidiano infantil.
“A arte tem o poder de transformar o olhar para que possamos ver o mundo de forma diferente”, ressalta a arte-educadora. Na visão dela, a cultura é um elemento central para um objetivo maior: fazer com que a sociedade escute mais a gurizada. “Se não enxergarmos as crianças com olhar empático, elas não vão se sentir acolhidas. Se não virmos as crianças como seres potentes e produtores de cultura, viveremos numa cidade doente”, destaca.
Ela cita como referência as pesquisas do pedagogo italiano Francesco Tonucci, autor da iniciativa Cidade das Crianças, voltada à transformação das formas de habitar as cidades a partir do olhar dos pequenos. “Os ‘espaços de criança’ deveriam ser espaços plurais, não tão segmentados.” Tati defende uma cidade mais acolhedora, com espaços plurais de convívio entre diferentes gerações. “Precisamos compartilhar experiências com pessoas de diferentes idades e aprender com elas”, afirma Tati.
A arte-educadora afirma que ainda há longo caminho a ser percorrido em Porto Alegre – e na maioria das cidades – para que os pequenos se sintam mais à vontade e contribuam com seus olhares, tanto em espaços públicos como privados. “As crianças não são folhas em branco que só recebem informações. Elas enxergam o mundo de forma diferente, e os adultos precisam compreender isso.”
Segundo Tati, as instituições culturais da cidade, por meio de seus programas educativos, são os espaços que melhor respondem a essas questões. Ela destaca a atuação da Casa de Cultura Mario Quintana, da Fundação Iberê e da Cinemateca Capitólio como lugares que dedicam olhar acolhedor ao potencial das crianças.
O programa educativo da Fundação Iberê tem como foco aproximar públicos de todas as idades da obra de Iberê Camargo e de outros artistas que participam de exposições na instituição. Na Fundação Iberê, são realizadas visitas mediadas – que podem incluir atividades práticas –, oficinas e outras para público espontâneo e escolas, incluindo a publicação de materiais didáticos.
Na Cinemateca Capitólio, destaque para a Sessão Vagalume, com programação alternativa dedicada ao público infantojuvenil, exibindo filmes que não costumam circular pelas salas comerciais. A Sessão Vagalume integra o Programa de Alfabetização Audiovisual da Cinemateca, que defende a importância da formação de uma cultura cinematográfica desde a primeira infância.
O programa educativo da Casa de Cultura Mario Quintana promove visitas mediadas a grupos espontâneos e de ensino. As mediações dividem-se em diferentes modalidades: panorâmica, arquitetônica, o poeta Mario Quintana e exposições permanentes ou temporárias. O agendamento das visitas mediadas é feito pelo e-mail visitaccmq@gmail.com. Também são oferecidas oficinas, relacionadas a diferentes linguagens artísticas, divulgadas nas redes sociais da Casa.
Créditos de imagem: arquivo pessoal