Como é morar em Santa Teresa

Imagine uma cidade do interior, daquelas bem pequenas, onde as pessoas andam a pé e que o dono da padaria te chama pelo nome. Que chama seu cachorro pelo nome. Ao mesmo tempo, imagine estar a poucos minutos do centro do Rio de Janeiro, ao lado da Lapa - uma das áreas mais agitadas da cidade, e ainda morar perto da Zona Sul carioca. Esse é o começo do retrato de Santa Teresa, bairro da região central do Rio, que se orgulha de conservar um estilo de vida próprio.

As ruas, algumas em paralelepípedo, costumam ter calçadas estreitas que margeiam casarões antigos e prédios mais recentes. As ruas e casas de Santa Teresa tendem a ser menos quentes no verão e bem mais frescas no curto inverno carioca. “Não tenho aparelho de ar condicionado em casa até hoje, algo que é incomum no Rio”, diz Ian Carvalho, 35 anos, morador do bairro desde que nasceu. 

Na parte baixa do bairro, próximo aos Largos do Curvelo e dos Guimarães, mercadinhos e pequenas padarias facilitam a vida de quem não quer descer para o centro para fazer compras. Quem vive na parte alta, no entanto, pode caminhar por aproximadamente 20 minutos para ter acesso a esses serviços dentro do bairro. Santa Teresa conta também com algumas escolas e creches, particulares e públicas, além de um hospital.

Marcado por pontos turísticos - da escadaria Selaron, ao Parque das Ruínas, passando por mirantes com vistas incríveis da cidade, Santa Teresa é um bairro de classe média para quem escolhe ter uma vida mais pacata dentro de uma metrópole como o Rio. 

O bairro abriga um cinema de rua, o Cine Santa Teresa, que há 20 anos exibe filmes de dentro e de fora do circuito do mercado cinematográfico nacional e internacional. Andando a pé, não é difícil encontrar pequenas galerias de arte e ateliês de artistas locais, registros do estilo alternativo local. Uma infinidade de bares e restaurantes ajuda quem escolhe fazer refeições fora de casa. A boemia permeia as vielas e ladeiras do bairro. 

Carnaval em Santa Teresa

Quem mora em Santa Teresa tem na agenda a data de saída de dois dos maiores blocos da cidade: Carmelitas e Céu na Terra. Isso porque ambos ocupam as ruas do bairro e mudam a rotina de quem vive por lá. O Carmelitas, por exemplo, desfila desde os anos 1990 e leva milhares de foliões para Santa Teresa, tradicionalmente, na sexta-feira que antecede a folia e na terça-feira de carnaval. Entrar e sair do bairro em dia de Carmelitas exige rotas especiais, dependendo do local onde se mora. 

Passada a folia, o bairro retoma seu rumo segue mantendo firme algumas das coisas que mais encantam quem opta por viver por ali. “O cheiro de terra molhada quando chove, o som dos grilos à noite e dos passarinhos ao amanhecer fazem de Santa Teresa um lugar único”, conclui Antonia Rodrigues, 60 anos, moradora do bairro há 30.